quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ela era uma menina normal, chorava todas as madrugadas por um amor perdido. Ele era um menino normal, mantinha a pose de durão pra esconder a falta que o amor lhe fazia. Ela sonhava com ele todas as noites. Ele bebia para tentar esquecê-la todas as noites. Eles se encontravam todas as sextas, pois tinham os mesmos amigos; quando se olhavam batia uma vontade - em ambos - de dizer o que estava entalado, mas o orgulho era mais forte, a dor era mais forte, o medo era muito mais forte. Ela o amava. Ele a amava. Mas somente amor não é suficiente, não dá pra viver somente de amor. Ela começou a beber para tentar ignorar os gritos de saudade que ecoavam em sua mente. Ele começou a estudar para mudar-se para onde a lembrança dela não existisse. Os papéis se inverteram. ela começou a se drogar e a procurar em outros corpos o que só existia naquele que perdera. Ele começou a escrever para esquecer o amor que perdera. Ela estava se acabando mas não se importava com isso, pelo menos não pensava nele o dia inteiro, nem sentia dor ao lembrar do sorriso que agora estava em algum lugar desse mundo e não em seus lábios. Ele se apaixonou por uma menina que conheceu no seu cursinho de inglês. Ela teve overdose e quase morreu. Ele começou a namorar. Ela prometeu parar de se drogar e beber. Ele estava feliz e mal se lembrava dela. Ela, como passava os dias sóbria e limpa, pensava nele e tentava entender como tudo pode ter acabado tão rápido. Ele não pensava mais nela, estava apaixonado novamente, estava vivo e radiante. Ela teve uma recaída e voltou a se drogar, estava com depressão e queria que ele estivesse por perto para ajudá-la. Ele recebeu uma ligação de um número desconhecido, e tudo o que ouviu foi um “me salva”, mas desligou o celular e foi encontrar-se com sua namorada. Passaram-se 13 meses. Ele estava bem e feliz. Ela estava triste e morta por dentro. Ele propôs noivado a sua namorada. Ela tentou suicídio. Ele queria uma vida com a noiva, queria filhos e felicidade. Ela queria beijar a morte, deitar em seus braços e encontrar a paz que tanto buscava em cada agulhada. Ele beijou a noiva e mostrou o apartamento que logo seria deles. Ela não queria mais nada, queria apenas não ser o que era. Ele amava a noiva; a queria para sempre, já não pensava mais nela. Ela pediu desculpa a seus pais por ter se transformado em algo que não era a filha deles. Ele disse sim, e beijou a noiva. Ela escreveu uma carta e armazenou em sua memória uma bala. Ele recebe a carta que ela escreveu, e descobre que ela suicidou-se por amá-lo demais, e vai ao enterro. Ela encontra a paz em sua morte, encontra a vida no vazio eterno; ela não sente mais dor. Ele chora, sua esposa não entende; ele não explica. Ela sorri, pode sentir a liberdade do não-sentir em seu rosto. Ele vai embora, sem saber que perdeu o seu mundo, sem saber que ela era a sua vida, sem saber que ela sempre será dele. E que sempre foi. Mesmo quando ele nem se lembrava da existência dela, ela pertenceu a ele. Por inteira. Completa. Mesmo faltando um pedaço aqui, outro ali, ela foi dele. E sempre será.

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